Conexões Afro-Lusófonas #06: O combate à mutilação genital feminina na Guiné-Bissau
08 September 2025

Conexões Afro-Lusófonas #06: O combate à mutilação genital feminina na Guiné-Bissau

Conexões Afro-Lusófonas

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O podcast Conexões Afro-Lusófonas traz, em seu sexto episódio, um tema urgente: a luta da Guiné-Bissau contra práticas que afetam a saúde e o bem-estar de mulheres e meninas. Desde 2011, a mutilação genital feminina (MGF) é considerada crime no país.
Em Guiné-Bissau, como em outras nações africanas, a mutilação genital feminina é uma prática religiosa e social que pode causar problemas físicos e mentais às mulheres ao longo da vida. Para combater essa realidade, o país conta com a Lei de 2011 e com  o Comitê Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança (CNAPN). Um estudo realizado na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) aponta que o Comitê foi criado no contexto da Conferência de Beijing, de 1995. Atualmente, o órgão é tutelado pelo Ministério da Mulher, Família e Solidariedade Social da Guiné-Bissau.
Aissato Baldé. Foto: Arquivo pessoal
A convidada desta sexta edição de Conexões Afro-Lusófonas é a jornalista Aissato Baldé, que integra o Comitê. Aissato conta que sua trajetória começou em 2019, como estagiária. “Na época atuei como animadora comunitária, responsável por sessões de sensibilização em diferentes comunidades, utilizando estratégias de comunicação adaptadas ao contexto cultural e social de cada região. “Um ano e meio depois, fui nomeada oficial de Comunicação e Informação, cargo que desempenho até hoje.” Além da conscientização sobre a mutilação genital feminina, o Comitê também trabalha para erradicar outras práticas prejudiciais, como a eliminação dos casamentos forçados e precoces e a falta de escolarização das meninas. 
 Aissato destaca que o trabalho de conscientização alcança todo o país, dos grandes centros urbanos às zonas rurais.  “O  contato direto com as comunidades exige uma comunicação próxima, sensível e eficaz”, afirma.
O país em dados: Guiné-Bissau
Localizada na costa atlântica ocidental da África, a Guiné-Bissau  é um país com uma rica história e desafios a serem superados. Com uma área de cerca de 36 mil km² e uma população de mais de 2 milhões de habitantes, faz fronteira com o Senegal e a República da Guiné. Registra um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os mais baixos do continente. Em 2021, era de 0,483 e, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2025, houve uma melhoria para 0,514, mas ainda é considerado insatisfatório. 
O português é a língua oficial, resultado do período colonial iniciado no século 15. No entanto, o crioulo da Guiné-Bissau é a “língua materna” falada no dia a dia, nas relações familiares e na imprensa. 
“Há momentos em que existem algumas confusões entre a língua materna e a oficial, mas a língua portuguesa se sobrepõe.”, explica a jornalista. Aissato conta que na imprensa, de um modo geral, boa parte das notícias são veiculadas nas duas línguas. Ela conta de sua experiência quando trabalhou na Rádio Capital de Bissau, em que o jornalista transmitia notícias em português e em crioulo.
A independência foi conquistada em setembro de 1974. Atualmente, o país é governado pelo presidente Umaro Sissoco Embaló, que busca a reeleição nas eleições de 23 de novembro de 2025.
Saiba mais sobre a mutilção genital feminina com a reportagem da BBC: Mutilação genital feminina: o que é e por que ocorre a prática que afeta ao menos 200 milhões de mulheres

Conexões Afro-Lusófonas
Conexões Afro-Lusófonas têm o objetivo de fortalecer os laços culturais entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa. O programa apresenta entrevistas exclusivas explorando as culturas, músicas, diversidades e políticas desses países, promovendo um intercâmbio de conhecimentos. Conexões Afro-Lusófonas vai ao ar na primeira sexta-feira de cada mês na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto) Apresentador: Antonio Carlos Quinto Narradora: Tabita Said Participação: Ricardo Alexino Ferreira Edição e captação de áudio: Julio Cesar BazaniniIdentidade Sonora: Bruno Torres Coordenadora de Programas Especiais: Magaly Prado É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Conexões Afro-Lusófonas estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.