
07 July 2025
Conexões Afro-Lusófonas #04: Guiné Equatorial é um país de oportunidades, apesar das desigualdades
Conexões Afro-Lusófonas
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Nesta quarta edição de Conexões Afro-Lusófonas, continuamos a falar sobre a Guiné Equatorial com o professor brasileiro Paulo Speller, reitor da Universidade Afro-americana da África Central, a AAUCA, localizada em Djibloho, na região continental do país.
Speller destaca que, apesar da adoção do português pela Guiné Equatorial, a presença brasileira no país africano ainda é modesta. “O Brasil tem uma presença importante em toda a África e há aqui uma embaixada bem estruturada”, descreve.
No entanto, as relações comerciais são reduzidas. “Poderiam ser mais robustas”, diz o professor. “Temos programas importantes que promovem a ida de jovens equato-guineenses para estudar no Brasil”, lembra Speller, mencionando também a participação de empresas brasileiras na construção da infraestrutura local. “Nós tínhamos aqui algumas empresas brasileiras, que hoje já não temos. Isso poderia ser retomado.” O reitor enfatiza que os idiomas oficiais equato-guineenses facilitam contatos com o Brasil e com outros países da América Latina. “Estamos num ponto estratégico na África para exportação, serviços etc.”, reforça.
Presença estrangeira
Paulo Speller, o reitor da nova universidade equatoguineense. Foto: Reprodução
Desde 2022, Paulo Speller ocupa o cargo de reitor na AAUCA, que é uma universidade pública. Ele também foi secretário-geral da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e o primeiro reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
Além da AAUCA, a outra instituição pública de ensino superior é a Universidade Nacional da Guiné Equatorial. “Aqui na AAUCA, a determinação é que o reitor ou reitora sejam estrangeiros”, conta o acadêmico. “Nós tivemos um primeiro reitor, que veio do Chile, e um segundo, de origem oriental, que veio da Suécia”, lembra Speller.
O professor salienta a rica diversidade de línguas e etnias na Guiné Equatorial, além da significativa presença estrangeira. “Temos aqui na AAUCA, cinco professores venezuelanos e outros quatro cubanos. Ao todo, contamos com professores de 15 países dentro da universidade”, contabiliza. Speller descreve a Guiné Equatorial como “um mundo em si mesmo”. “Às vezes, os guineenses nos dizem: ‘A Guiné é muito complexa. Vocês, brancos, brasileiros, estrangeiros, não nos entendem. Isso aqui é muito complexo’”, relata.
O país também experimentou um influxo de migrantes de outras nações africanas impulsionado pelo boom do petróleo, que resultou em um caldeirão de culturas e de línguas, como descreve o professor. “Você tem muita gente da República dos Camarões, alguns do Gabão, alguns de São Tomé, da Libéria, e há também uma interessante presença árabe. A Guiné Equatorial tem uma vivência histórica de lidar com o outro”, ressalta Speller. Ele lembra que, “de acordo com estimativas, quase um terço dessa população seria de estrangeiros ou nascidos fora do país, ou filhos de imigrantes vindos de outras nações.”
A moeda corrente na Guiné Equatorial é o Franco CFA Central (XAF), que também é utilizado em outros cinco estados independentes na África Central: Camarões, República Centro Africana, Chade, República do Congo e Gabão. De acordo com a cotação atual do Banco Central do Brasil, R$ 1,00 equivale a 102,4485 francos CFA.
Conexões Afro-Lusófonas
Conexões Afro-Lusófonas têm o objetivo de fortalecer os laços culturais entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa. O programa apresenta entrevistas exclusivas explorando as culturas, músicas, diversidades e políticas desses países, promovendo um intercâmbio de conhecimentos. Conexões Afro-Lusófonas vai ao ar na primeira sexta-feira de cada mês na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto) Apresentador: Antonio Carlos Quinto Narradora: Tabita Said Participação: Ricardo Alexino Ferreira Edição e captação de áudio: Julio Cesar BazaniniIdentidade Sonora: Bruno Torres Coordenadora de Programas Especiais: Magaly Prado É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Conexões Afro-Lusófonas estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.
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Speller destaca que, apesar da adoção do português pela Guiné Equatorial, a presença brasileira no país africano ainda é modesta. “O Brasil tem uma presença importante em toda a África e há aqui uma embaixada bem estruturada”, descreve.
No entanto, as relações comerciais são reduzidas. “Poderiam ser mais robustas”, diz o professor. “Temos programas importantes que promovem a ida de jovens equato-guineenses para estudar no Brasil”, lembra Speller, mencionando também a participação de empresas brasileiras na construção da infraestrutura local. “Nós tínhamos aqui algumas empresas brasileiras, que hoje já não temos. Isso poderia ser retomado.” O reitor enfatiza que os idiomas oficiais equato-guineenses facilitam contatos com o Brasil e com outros países da América Latina. “Estamos num ponto estratégico na África para exportação, serviços etc.”, reforça.
Presença estrangeira
Paulo Speller, o reitor da nova universidade equatoguineense. Foto: Reprodução
Desde 2022, Paulo Speller ocupa o cargo de reitor na AAUCA, que é uma universidade pública. Ele também foi secretário-geral da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e o primeiro reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
Além da AAUCA, a outra instituição pública de ensino superior é a Universidade Nacional da Guiné Equatorial. “Aqui na AAUCA, a determinação é que o reitor ou reitora sejam estrangeiros”, conta o acadêmico. “Nós tivemos um primeiro reitor, que veio do Chile, e um segundo, de origem oriental, que veio da Suécia”, lembra Speller.
O professor salienta a rica diversidade de línguas e etnias na Guiné Equatorial, além da significativa presença estrangeira. “Temos aqui na AAUCA, cinco professores venezuelanos e outros quatro cubanos. Ao todo, contamos com professores de 15 países dentro da universidade”, contabiliza. Speller descreve a Guiné Equatorial como “um mundo em si mesmo”. “Às vezes, os guineenses nos dizem: ‘A Guiné é muito complexa. Vocês, brancos, brasileiros, estrangeiros, não nos entendem. Isso aqui é muito complexo’”, relata.
O país também experimentou um influxo de migrantes de outras nações africanas impulsionado pelo boom do petróleo, que resultou em um caldeirão de culturas e de línguas, como descreve o professor. “Você tem muita gente da República dos Camarões, alguns do Gabão, alguns de São Tomé, da Libéria, e há também uma interessante presença árabe. A Guiné Equatorial tem uma vivência histórica de lidar com o outro”, ressalta Speller. Ele lembra que, “de acordo com estimativas, quase um terço dessa população seria de estrangeiros ou nascidos fora do país, ou filhos de imigrantes vindos de outras nações.”
A moeda corrente na Guiné Equatorial é o Franco CFA Central (XAF), que também é utilizado em outros cinco estados independentes na África Central: Camarões, República Centro Africana, Chade, República do Congo e Gabão. De acordo com a cotação atual do Banco Central do Brasil, R$ 1,00 equivale a 102,4485 francos CFA.
Conexões Afro-Lusófonas
Conexões Afro-Lusófonas têm o objetivo de fortalecer os laços culturais entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa. O programa apresenta entrevistas exclusivas explorando as culturas, músicas, diversidades e políticas desses países, promovendo um intercâmbio de conhecimentos. Conexões Afro-Lusófonas vai ao ar na primeira sexta-feira de cada mês na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto) Apresentador: Antonio Carlos Quinto Narradora: Tabita Said Participação: Ricardo Alexino Ferreira Edição e captação de áudio: Julio Cesar BazaniniIdentidade Sonora: Bruno Torres Coordenadora de Programas Especiais: Magaly Prado É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Conexões Afro-Lusófonas estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.
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