< João 6

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[1] Algum tempo depois, Jesus foi à outra margem do mar da Galileia, ou seja, o mar de Tiberíades,
[2] e grande multidão continuava a segui‑lo, porque vira os sinais milagrosos que ele tinha realizado ao curar os doentes.
[3] Então, Jesus subiu ao monte e sentou‑se com os seus discípulos.
[4] Estava próxima a festa judaica da Páscoa.
[5] Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: ― Onde compraremos pães para este povo comer?
[6] Ele fez essa pergunta apenas para pô‑lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer.
[7] Filipe lhe respondeu: ― Duzentos denários não comprariam pães suficientes para que cada um recebesse um pedaço!
[8] Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra:
[9] ― Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente?
[10] Jesus disse: ― Mandem o povo se sentar. Havia muita grama naquele lugar, e todos se sentaram. Eram cerca de cinco mil homens.
[11] Então, Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam sentados, tanto quanto queriam. O mesmo fez com os peixes.
[12] Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: ― Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado.
[13] Então, eles os ajuntaram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada deixados por aqueles que tinham comido.
[14] Depois de ver o sinal milagroso que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer: ― Sem dúvida, este é o Profeta que devia vir ao mundo.
[15] Sabendo Jesus que pretendiam proclamá‑lo rei à força, retirou‑se, sozinho, novamente para o monte.
[16] Ao anoitecer, os seus discípulos desceram ao lago,
[17] entraram em um barco e começaram a travessia a Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam.
[18] Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas.
[19] Depois de terem remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram que Jesus se aproximava do barco, andando sobre o lago, e ficaram aterrorizados.
[20] Ele, porém, lhes disse: ― Sou eu! Não tenham medo!
[21] Então, resolveram recebê‑lo no barco e logo chegaram à praia para a qual se dirigiam.
[22] No dia seguinte, a multidão que tinha ficado no outro lado do mar percebeu que apenas um barco estivera ali e que Jesus não havia entrado nele com os seus discípulos, mas que estes tinham partido sozinhos.
[23] Então, alguns barcos de Tiberíades aproximaram‑se do lugar onde o povo tinha comido o pão depois de o Senhor ter dado graças.
[24] Quando a multidão percebeu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, entrou nos barcos e foi a Cafarnaum em busca de Jesus.
[25] Quando o encontraram do outro lado do mar, perguntaram‑lhe: ― Rabi, quando chegaste aqui?
[26] Jesus respondeu: ― Em verdade lhes digo que vocês estão me procurando não porque viram os sinais milagrosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos.
[27] Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem dará a vocês, pois Deus, o Pai, o reconheceu.
[28] Então, perguntaram‑lhe: ― O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus requer?
[29] Jesus respondeu: ― A obra de Deus é esta: que creiam naquele que ele enviou.
[30] Então, perguntaram‑lhe: ― Que sinal milagroso mostrarás para que o vejamos e creiamos em ti? O que farás?
[31] Os nossos antepassados comeram o maná no deserto; como está escrito: “Ele lhes deu a comer o pão dos céus”.
[32] Jesus declarou‑lhes: ― Em verdade lhes digo que não foi Moisés quem deu a vocês o pão do céu, mas é o meu Pai quem dá a vocês o verdadeiro pão do céu.
[33] Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo.
[34] Eles disseram: ― Senhor, dá‑nos sempre desse pão!
[35] Então, Jesus declarou: ― Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede.
[36] Mas, como eu disse, vocês me viram, embora ainda não creiam.
[37] Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e eu jamais rejeitarei aquele que vier a mim.
[38] Pois desci dos céus não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
[39] E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas o ressuscite no último dia.
[40] Porque a vontade do meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
[41] Então, os judeus começaram a criticar Jesus, porque dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”.
[42] Eles diziam: ― Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como ele pode dizer: “Desci do céu”?
[43] Jesus respondeu: ― Parem de me criticar.
[44] Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair, e eu o ressuscitarei no último dia.
[45] Está escrito nos Profetas: “Todos serão ensinados por Deus”. Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim.
[46] Ninguém viu o Pai, a não ser aquele que vem de Deus; somente ele viu o Pai.
[47] Em verdade lhes digo que aquele que crê tem a vida eterna.
[48] Eu sou o pão da vida.
[49] Os seus antepassados comeram o maná no deserto, mas morreram.
[50] Todavia, aqui está o pão que desceu do céu, para que não morra quem dele comer.
[51] Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
[52] Então, os judeus começaram a discutir exaltadamente entre si: ― Como pode este homem nos oferecer a sua carne para comer?
[53] Jesus disse: ― Em verdade lhes digo que, se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos.
[54] Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
[55] Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida.
[56] Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu permaneço nele.
[57] Como o Pai que vive me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por minha causa.
[58] Este é o pão que desceu do céu. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre.
[59] Disse tudo isso quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.
[60] Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: ― Dura é essa palavra. Quem pode suportá‑la?
[61] Sabendo no íntimo que os seus discípulos estavam se queixando do que tinham ouvido, Jesus lhes disse: ― Isso é motivo de tropeço para vocês?
[62] Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes?
[63] O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu disse são espírito e vida.
[64] Contudo, há alguns de vocês que não creem. Pois Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem iria traí‑lo.
[65] Ele acrescentou: ― É por isso que eu disse a vocês que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai.
[66] Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui‑lo.
[67] Jesus perguntou aos Doze: ― Vocês também não querem ir?
[68] Simão Pedro lhe respondeu: ― Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna.
[69] Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus.
[70] Então, Jesus respondeu: ― Não fui eu que escolhi vocês doze? Todavia, um de vocês é um diabo!
[71] Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde haveria de traí‑lo.